terça-feira, 27 de dezembro de 2011

“A Sereia e o Desconfiado” Roberto Schwarz

Roberto Schwarz (Viena, 20 de agosto de 1938) é um crítico literário e professor aposentado de Teoria Literária brasileiro. Um dos principais continuadores do trabalho crítico de Antonio Candido, redigiu estudos sobre Machado de Assis elencados entre os mais representativos na fortuna crítica sobre o autor das Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Roberto Scwharz reuniu os escritos de juventude e em 1965 lançou “A Sereia e o Desconfiado” contendo diversos estudos sobre alguns escritores como Kafka, Mário de Andrade entre outros contemporâneos.
O livro de Schwarz traz ensaios críticos sobre algumas obras conhecidas pelo leitor e aborda temas como sociedade, cultura.
O livro é dividido por obras que são analisadas ao longo de duzentas e quatro páginas.
A obra é um convite à compreensão e discussão da trama brasileira, determinações econômicas, culturais e históricas que formam a nossa sociedade. Roberto Schwarz traz em “A sereia e o desconfiado” crítica literária inserindo abordagens sociais, econômicas na literatura. Schwarz analisa de forma inovadora diversos romances e interpreta conforme a sociedade da época.
Recomendo a leitura do livro de forma descompromissada e sem opinião formada, pois somente assim a busca incessante pelo conhecimento irá trazer inovações em pensamentos já cristalizados com o tempo.

Professora Débora Cássia

sexta-feira, 18 de março de 2011

Hoje que a tarde é calma e o céu tranqüilo

    
Hoje que a tarde é calma e o céu tranqüilo,
E a noite chega sem que eu saiba bem,
Quero considerar-me e ver aquilo
Que sou, e o que sou o que  é que tem.
 
Olho por todo o meu passado e vejo
Que fui quem foi aquilo em torno meu,
Salvo o que o vago e incógnito desejo  
De ser eu mesmo de meu ser me deu.
 
Como a páginas  já relidas, vergo
Minha atenção sobre quem fui de mim,
E nada de verdade em mim albergo
Salvo uma ânsia sem princípio ou fim.
 
Como alguém distraído na viagem,
Segui por dois caminhos par a par
Fui com o mundo, parte da paisagem;
Comigo fui, sem ver nem recordar.
 
Chegado aqui, onde hoje estou, conheço
Que sou diverso no que informe estou.
No meu próprio caminho me atravesso.
Não conheço quem fui no que hoje sou.
 
Serei eu, porque nada é impossível,
Vários trazidos de outros mundos, e
No mesmo ponto espacial sensível
Que sou eu, sendo eu por estar aqui ?
 
Serei eu, porque todo o pensamento
Podendo conceber, bem pode ser,
Um dilatado e múrmuro momento,
De tempos-seres de quem sou o viver ?

Poesia lírica de Fernando Pessoa

Esta foi a primeira poesia de Fernando Pessoa que eu conheci, e ainda hoje é a minha favorita.

No poema de Fernando Pessoa o sujeito olha-se a si mesmo, tem de existir a memória que é o registro de momentos anteriores que permite saber que somos a mesma pessoa do dia anterior, de uma forma simples poderíamos dizer que memória é a aquisição, o armazenamento e a evocação de informações. 

A aquisição é também denominada de aprendizado. A evocação é também chamada recordação, lembrança, recuperação. A identidade também está presa á memória, e a experiência mostra-nos que o sujeito é instável.

O processo de mudança é continuo fisicamente e psiquicamente, pois o individuo nunca é igual a si próprio, está sempre num modo de desidentificação. O indivíduo é um lugar de felicidade, mas muitas vezes está num lugar de conflito e de desilusões constantes.